terça-feira, 30 de junho de 2009

segunda-feira, 29 de junho de 2009

domingo, 28 de junho de 2009

O que eu gostava que III

maçã a saber a figo e pêra com sabor a gila

sábado, 27 de junho de 2009

Who's dead?

just to tell you once again, who's dead

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Transladação de minorias

toda a fronteira é uma linha que nos separa do terror

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A questão divina , Sobreiro - Mafra

Hoje à noite no Sobreiro, uma localidade do concelho de Mafra , pode-se assistir a um encontro-debate sobre o tema "A Questão Dívina: A existência de Deus ou a inexistência de Deus"

Aqui temos uma grande questão e um mistério tão dificil de resolver, e que vai em busca das questões iniciais da nossa cultura.

É para que saibam que pelas terras dos saloios não se estão a discutir os pequeninos temas do ambito da política...

Mas para que raio é que se discute o TGV?... Porque raio não fazem um referendo tipo IV do TGV (interrupção voluntária do TGV), para a gente decidir.
Mas para que queremos nós saber se o PM Sócrates é um animal feroz ou se agora vai ser um cordeirinho, e se põe uma nova máscara de modesto.
Para quê tentar mostrar que há mesmo um facilitismo nos exames nacionais.
Isto são tudo questões óbvias e infimas que têm muito pouco interesse.

Questão Divína - debate a não perder

LN

Pode ser...


Ler o Artigo no site do Movimento MIC (do Manuel Allegre)


"O PS parece estar inebriado ainda pela sua própria imagem. O PS parece ser a principal vítima da sua propaganda. Pode ser que assim como há quem defenda que a lógica é uma batata, a política seja o vazio. E pode ser que um novo sorriso, um corte de cabelo diferente, uma voz mais afável, um tom um pouco mais baixo e grave e uma atitude menos agreste e agressiva façam milagres políticos. "
" Pode ser que a política se resuma tão-só ao mais elementar marketing político. Pode ser que baste um teleponto mesmo que sem conteúdo com nexo. Pode ser que ganhar eleições seja o mesmo que vender pasta de dentes. Pode ser... "
Jornalista São José Almeida

LN

A volta do piche

separação das silabas de piche: pi-che

quarta-feira, 24 de junho de 2009

O que eu gostava que II

o gato miasse ão ão e o cão ladrasse miau miau

Dias de sangue


Em farsi, o seu nome significa "voz" ou "chamamento". E as imagens da sua morte, durante os protestos do último fim-de-semana, transformaram-na no símbolo da revolta que varre as ruas de Teerão. Os amigos dizem que adorava viajar e não tolerava injustiças. O regime quer que seja esquecida
jornal "Público", 24 junho 2009



Mais dias sangrentos desta vez em Teerão.
População alvejada e espancada em manifestações de protesto, por um poder de inspiração divina (com melicias e policia religiosa - ??? como é possível ???).
Inadmissivel no Seculo XXI.

A Música dos U2 "Sunday bloody Sunday" , é dedicada a todas as vitimas destes últimos dias da repressão do regime iraniano.

LN

terça-feira, 23 de junho de 2009

6 minutos para 2 intérpretes e 3 posições com contacto corporal

1m 2m 3m 4m 5m 6m I II /|\

Sophia, um poema inédito

de Sophia de Mello Breyner

Inocência e possibilidade
As imagens eram próximas
Como coladas sobre os olhos
O que nos dava um rosto justo e liso
Os gestos circulavam sem choque nem ruído
As estrelas eram maduras como frutos
E os homens eram bons sem dar por isso.

Granja, a 31 de Agosto de 1943
Em Reportagem do Jornal Público, 21 Junho 2009

" A política ou é um capítulo da moral ou é uma porcaria"

Os cinco anos sobre a sua morte cumprem-se dia 5 de Julho. Já no dia 2, numa iniciativa da C.M.Lisboa, o miradouro da Graça passará a chamar-se Miradouro Sophia de Mello Breyner Andresen

LN

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Pintura mental

azul espiche verde traço vermelho retoque

domingo, 21 de junho de 2009

Lisboa a Vladivostock

vazão cada quinta às quinze

sábado, 20 de junho de 2009

O que eu gostava que I

corneto de limão em paralelepípedo

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Rua António Pimentel (Petição)

Destinatário: Presidente da Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova, Presidente da Assembleia do Município de Condeixa-a-Nova, Presidente da Junta de Freguesia de Condeixa-a-Nova

Petição "Rua António Pimentel"
Queiram V. Exªs aceitar a petição das entidades subscritas que pretendem seja atribuído o nome do pintor António Pimentel a uma rua da Vila de Condeixa-a-Nova, efectuando-se deste modo a justa homenagem de reconhecimento ao artista condeixense que pelo mundo fora dignificou o nome da sua terra natal. Permitam-nos com um breve resumo biográfico recordar a V. Exª quem foi António Pimentel.
António Manuel Moita Pimentel nasceu em Condeixa em 22 de Janeiro de 1935. Ainda adolescente inicia experiência artística com o pintor conimbricense Carlos Ramos e lições de cerâmica com o pintor Mário Oliveira Soares. Em 1956 participa no 1º Salão de Artes Plásticas dos Novos de Coimbra. Em 1957 realiza a primeira exposição individual, no Salão Do 1º de Janeiro em Coimbra. Nesse mesmo ano, funda com artistas estudantes o Circulo de Artes Plásticas da Associação Académica de Coimbra, dirigido pelo artista brasileiro Waldemar da Costa. Em 1959 é convidado pelo Professor Doutor Bissaya Barreto para pintar os murais do Instituto Maternal de Coimbra. Em 1960 vai para Lisboa onde trabalha numa agência publicitária com Alves Redol, Orlando da Costa, Luís Sttau Monteiro e José Carlos Ary dos Santos. Convidado pelo Ministério dos Negócios Exteriores do Brasil, realiza uma viagem de estudo por esse país e radica-se no Rio de Janeiro, onde faz um curso de gravura no Museu de Arte Moderna, sob a orientação de Roberto de La Mónica. Ainda no Rio de Janeiro realiza uma Exposição onde obras suas são adquiridas por coleccionadores. Convidado pela Fundação Calouste Gulbenkian recebe desta uma bolsa de estudo para Paris, onde frequenta o Atelier 17, dirigido por Stanley Thayry e a École Nationale des Beaux Arts, onde obtém o 1º prémio para estrangeiros. Tendo residido longos anos em França, volta a Portugal em Abril de 1974, não sem antes ter ido a Londres, para assistir à selecção de uma gravura sua para a publicação “European Illustration” e ver os originais serem expostos na Royal Academy of Arts. Como ilustrador, colabora com diversos escritores destacando-se as ilustrações para o livro de poemas de José Carlos Ary dos Santos, ” As Portas que Abril Abriu”, uma obra de referência acerca de ‘A Revolução dos Cravos’ a propósito do 25 de Abril de 1974. Radica-se finalmente na sua terra, comprando duas casas: uma em Alcabideque (Casa dos Bentos) e em Bom-Velho, onde instala os seus ateliers. É lá que desenha para os Correios Telégrafos e Telefones, o selo comemorativo do Centenário de Amadeu de Sousa Cardoso e pinturas alusivas aos Descobrimentos portugueses para a Exposição de Sevilha 1992, Jogos Olímpicos Barcelona 1992 e “Escrita” (Literatura Portuguesa). Expôs pela última vez no ano de 1997. A Casa da Cultura de Coimbra e o Museu Municipal Dr. Santos Rocha, na Figueira da Foz acolheram nesse ano as suas últimas exposições públicas em vida. Vítima de doença oncológica, Tópi (forma como era tratado pelos amigos) morre em 24 de Abril de 1998 na sua Casa dos Bentos, tendo sido sepultado no dia em que Condeixa comemorava o Dia da Liberdade. Assim, pelo seu trabalho em prol da cultura, por perpetuar o nome de Condeixa ligado hoje e sempre ao seu vasto legado artístico distribuído por colecções públicas e particulares de todo o mundo, por não renegar as suas origens e por colocar o seu nome na História, julgamos com toda a convicção que atribuir o nome de António Pimentel a uma artéria da Vila de Condeixa, será de momento, a homenagem mínima que esta terra e as suas gentes poderá fazer postumamente para lembrar e dar a conhecer este filho da terra. Esperando o bom acolhimento de V. Exªs, somos com a maior consideração:
Os Peticionários

Vá lá , assinem ..... é só irem ao endereço http://www.peticao.com.pt/rua-antonio-pimentel

e deixarem lá o nome!!!


Aqui fica um quadro do Topi que já mostrei no Blog - "Cagadeiras em Liberdade"
LN

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Obama - Apresenta Nova Regulação S.Financeiro



S. Financeiro não quer dizer São Financeiro mas sim,... Sistema Financeiro!!
Vamos lá ver se o deixam fazer estas propostas... Dúvido...

LN

Across the border - Bruce Springsteen

Do Album "The Ghost of Tod Joad"
Outra música do Boss


Tonight my bag is packed
Tomorrow I'll walk these tracks
That will lead me across the border

Tomorrow my love and I
Will sleep 'neath auburn skies
Somewhere across the border

We'll leave behind my dear
The pain and sadness we found here
And we'll drink from the Bravo's muddy waters

Where the sky grows grey and white
We'll meet on the other side
There across the border

For you I'll build a house
High up on a grassy hill
Somewhere across the border

Where pain and memory
Pain and memory have been stilled
There across the border

And sweet blossoms fills the air
Pastures of gold and green
Roll down into cool clear waters

And in your arms 'neath the open skies
I'll kiss the sorrow from your eyes
There across the border

Tonight we'll sing the songs
I'll dream of you my corazon
And tomorrow my heart will be strong

And may the saints' blessing and grace
Carry me safely into your arms
There across the border

For what are we
Without hope in our hearts
That someday we'll drink from God's blessed waters

And eat the fruit from the vine
I know love and fortune will be mine
Somewhere across the border

Across the border
Letra no Blog http://www.brucespringsteen.net
LN

Pernoitar

noves fora zero um dois três quatro cinco seis sete oito

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Bruce Springsteen, The Gost of Tom Joad (Album de 1995)



Tom Joad é o personagem central do livro "As Vinhas da Ira" que vai fazer a travesia dos EUA para a California a "terra prometida".

LN

Anagrama de piche

chipe

terça-feira, 16 de junho de 2009

Vinhas da Ira , de Steinbeck

Leitura do mês "As vinhas da Ira" , John Steinbeck , No Blog Leitura Partilhada



Fazer Download do livro
http://www.esnips.com/doc/38477a75-c77f-4eba-a356-acfac0586fb7/John%20Steinbeck%20-%20As%20vinhas%20da%20ira%20(rev)


" Os senhores chegavam às terras ou, mais frequente mente, mandavam alguém por eles. Vinham em carros fechados, e apalpavam a terra ressequida com os dedos, mas algumas vezes traziam brocas grandes, que perfuravam o solo para o analisar. Os rendeiros, à porta dos seus pátios, batidos pelo sol, observavam, inquietos, a marcha dos carros através dos campos. E, por fim, os proprietários entravam nos pátios e, sentados nos seus carros, falavam para fora das janelas. Os rendeiros paravam ao lado dos carros por um momento e, depois, punham-se de cócoras a esgravatar a poeira com paus.
Nas portas abertas, as mulheres olhavam para fora e, por detrás delas, as crianças - crianças de cabelo cor de milho e de olhos muito abertos, com um pé descalço por cima do outro pé descalço, remexendo os dedos. As mulheres e as crianças observavam os homens a falar com os senhorios. Mantinham-se silenciosas.
Alguns dos senhorios eram afáveis, porque detestavam o que estavam a fazer; outros mostravam-se irritados, porque lhes repugnava serem cruéis, e ainda outros eram frios, porque de há muito tinham descoberto que se não podia ser proprietário de terras sem se ser frio. Mas todos eles se sentiam apanhados numa teia mais poderosa do que eles próprios. Alguns odiavam os algarismos que os impeliam, outros tinham medo, e outros adoravam os algarismos porque lhes serviam de refúgio para não pensarem nem sentirem. Se um banco ou uma empresa financeira era o dono da terra, o seu delegado dizia: “O Banco - ou a Companhia - precisa, quer, insiste, exige”, como se o Banco ou a Companhia fosse um monstro, com ideias e sentimentos, que os tivesse apanhado na rede. Estes não tomavam responsabilidades em nome dos bancos ou das companhias porque eram homens e escravos, ao passo que os bancos eram ao mesmo tempo máquinas e patrões. Alguns dos delegados sentiam-se um tanto orgulhosos de serem escravos de patrões tão frios e tão poderosos. Os senhorios ou os seus representantes sentavam-se nos carros e explicavam:
- Vocês sabem que a terra é pobre. Vocês já a revolveram bastante tempo, como Deus sabe.
Os rendeiros, acocorados no chão, acenavam com a cabeça, meditavam e desenhavam figuras no pó. Sim, eles sabiam, Deus sabia também. Se não fosse a poeira! Se, ao menos, eles pudessem adubar a terra, não seria tão mau.

Os senhorios continuavam a chegar a brasa à sua sardinha:
- Vocês sabem que a terra está cada vez mais pobre. Vocês sabem o que o algodão faz à terra: rouba-a, suga-lhe todo o sangue.
Os colonos acenavam com a cabeça, que sabiam, que Deus sabia. Se pudessem alternar as plantações, podiam tornar a insuflar sangue na terra.
- Sim, mas é muito tarde. E os senhorios explicavam os actos e os pensamentos do monstro, que era mais forte que eles. Um homem pode ter terra de renda, se ela lhe dá para comer e pagar impostos: assim pode tê-la.
Sim, pode tê-la até que um dia as colheitas falham e ele tem de pedir dinheiro emprestado ao banco.
- Vocês bem vêem; um banco ou uma companhia não podem viver assim, porque essas entidades não respiram ar, não comem carne. Respiram lucros; comem os juros sobre o dinheiro. Se os não obtiverem, morrem do modo por que vocês morrem: sem ar e sem carne. É uma coisa triste, mas é assim mesmo. Precisamente assim.
Os homens, agachados, erguiam os olhos para compreender. Não seria possível esperar mais algum tempo? Talvez que o próximo ano seja um bom ano. Sabe Deus se haverá muito algodão no próximo ano? E, com todas as guerras, sabe Deus o preço a que o algodão chegará. Não se fazem explosivos de algodão? E uniformes? Arranjem bastantes guerras e o algodão subirá até ao tecto. No próximo ano, talvez. Olhavam para os senhorios com ar interrogativo.
- Não podemos estar atidos a isso. O banco - o monstro - tem de recolher sempre lucros. Não pode esperar. Senão, morre. Não, os juros estão continuamente a subir. Quando o monstro pára de crescer, morre. Não pode estar sempre no mesmo tamanho.
Dedos finos começavam a tamborilar no peitoril da janela do carro e dedos calosos apertavam mais os paus que esgaravatavam nervosamente no chão. Às portas das casas batidas pelo sol, onde moravam os rendeiros, as mulheres suspiravam e mudavam os pés, de modo que o que tinha estado para baixo, estava agora para cima, com os dedos a bulir. Os cães chegavam, farejavam perto dos carros dos senhorios e mijavam sucessivamente em todos os pneumáticos. E as galinhas agachavam-se na poeira quente e sacudiam as penas para que a poeira lhes descesse até à pele. Nas pequenas pocilgas, os porcos grunhiam, pedindo qualquer coisa, remexendo os restos enlodados das lavagens.
Agachados, os homens tornavam a ferrar os olhos no chão.- Que querem os senhores que a gente faça? Não podemos tirar partilha menor da colheita; estamos quase a morrer de fome. As crianças andam sempre esfomeadas. Não temos roupas ; só farrapos. Se todos os vizinhos não estivessem na mesma, teríamos vergonha de ir ao culto.
E, por fim, os senhorios chegaram ao ponto crucial.
- O sistema de arrendamento não pode vigorar mais. Um só homem a guiar um tractor pode fazer o trabalho de doze ou catorze famílias Paguem-lhe um salário e ele toma para si toda a colheita. Temos de ver isso. É contra a nossa vontade. Mas o monstro exige-o. Não nos podemos opor a ele.
- Mas vão matar a terra com algodão.
- Bem sabemos. Temos de cultivar algodão depressa, antes que a terra morra. Depois vendemos a terra. Há centenas de famílias no Este que querem possuir um bocado de terra.
Os rendeiros olharam para os carros, alarmados.
- E, depois, o que vai suceder? Como havemos de comer?
- Vocês têm de deixar a terra. Os arados rasgarão os vossos quintais.
E agora os homens agachados ergueram-se, coléricos.
O avô havia-se apoderado da terra; tivera de matar os índios e de os expulsar. E o pai nascera ali e matara ervas ruins e cobras. Depois, viera um ano mau e ele tivera de pedir algum dinheiro emprestado.
- E nós nascemos aqui. Esses que estão ali às portas - os nossos filhos - nasceram aqui. E o pai teve de pedir dinheiro emprestado. O banco achou-se então dono da terra, e nós ficámos, mas apenas com uma pequena parte daquilo que colhíamos.
- Nós sabemos isso, tudo isso. Não somos nós, é o banco. Um banco não é um homem. E um proprietário de cinquenta mil acres também não é como um homem. É um monstro.
- Decerto - exclamaram os rendeiros - mas é a nossa terra. Medimo-la e rasgámo-la. Nela nascemos; fazemo-nos matar nela; Morremos nela. Apesar de não ser boa, mesmo assim é nossa. E isso que faz que ela seja nossa: termos nascido nela, trabalhado nela, morrido nela. Isto é que justifica o direito de propriedade e não um papel com algarismos escritos.
- Sentimos muito. Mas não somos nós. É o monstro. O banco não é como um homem.
- Sim, mas o banco só se compõe de homens.
- Não, vocês enganam-se nisso; enganam-se redondamente. O banco é alguma coisa mais do que homens. Acontece que todos os homens odeiam o que o banco faz, e todavia o banco fá-lo. O banco é alguma coisa mais do que os homens, acreditem. É o monstro. Os homens fizeram-no mas não podem controlá-lo.
Os rendeiros bramaram:
- O avô matou índios, o pai matou cobras por causa da terra. Talvez nós possamos matar os bancos; são piores do que os Índios e as cobras. Talvez nós nos disponhamos a combater para conservar a nossa terra, corno fizeram o pai e o avô.
E então chegou a vez de os senhorios ficarem zangados.
- Vocês têm de sair daqui.
- Mas a terra é nossa - vociferavam os rendeiros. - Nós...
- Não é. O banco, o monstro, é o dono. Vocês têm de sair daqui.
- Pegamos nas nossas espingardas, como o avô quando os Índios vieram. Que é que nos poderá acontecer?
- Primeiro vem o xerife e depois a tropa. Serão ladrões se teimarem em ficar; serão assassinos se matarem para ficar. O monstro não é homem, mas pode arranjar homens para fazerem o que ele quer.
- Mas, se sairmos daqui, para onde iremos? E como iremos? Estamos sem dinheiro.
- Sentimos muito - disseram os senhorios. - O banco, o dono de cinquenta mil acres, nada tem com isso. Vocês estão em terra que não é vossa. Talvez que, para lá da divisa, vocês consigam arranjar trabalho no Outono, na colheita do algodão. Talvez consigam ser socorridos como indigentes. Porque não vão para o Oeste, para a Califórnia? Há lá muito trabalho e nunca faz frio. Ali, em qualquer parte, podem estender a mão e apanhar uma laranja. Ali há sempre uma ou outra plantação onde trabalhar. Porque não hão-de vocês de ir?
E os senhorios puseram os carros em movimento e foram-se embora.

Os rendeiros agachavam-se de novo para fazerem garatujas na poeira, para pensarem, para ponderarem. Os seus rostos queimados estavam sombrios e os olhos batidos de sol coruscavam. As mulheres saíram cautelosamente das portas das casas para o pé dos homens e as crianças arrastavam-se atrás das mães, cautelosas, prontas e fugir. Os rapazes mais crescidos agachavam-se ao lado dos pais, porque isso os fazia homens. Daí a pouco, as mulheres perguntavam:
- Que é que eles querem?
E os homens olhavam para elas um instante, com uma sombra de dor nos olhos.
- Temos de sair daqui. Um tractor e um capataz. Como nas fábricas.
- Para onde vamos? - perguntavam as mulheres.
- Não sabemos. Não sabemos.
E as mulheres iam-se embora, muito de mansinho, para dentro das casas, levando as crianças â sua frente. Sabiam que um homem assim aflito e embaraçado até é capaz de se zangar com as pessoas que ama. Deixavam os homens sozinhos, a pensar e a desenhar na poeira.
Passado um bocado, o rendeiro ia dar uma vista de olhos à bomba posta há dez anos, com um manípulo em forma de pescoço de ganso e flores de ferro na boca, a um cepo onde centenas de galinhas tinham sido mortas, a um arado de mão pousado no telheiro e a uma grade suspensa por cima dele, nas vigas.
As crianças arrebanhavam-se junto das mães, nas casas.
- Que vamos fazer, mãe? Para onde vamos?
As mulheres diziam:
- Não sabemos ainda. Vão brincar. Mas não se aproximem do vosso pai. É capaz de vos bater se vocês se chegarem para o pé dele.
E as mulheres continuavam a trabalhar, mas sem perderem de vista os homens agachados na poeira - perplexos e pensativos."

Capítulo V

LN

Fortificação gémea

em tudo igual mas com diferença de cem anos

be OK - Ingrid Michaelson



LN

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Rimas com piche

esguiche caniche trepiche diche tzaréviche iídiche

domingo, 14 de junho de 2009

Cortejo de ilhotas

armadilhas para polvos e mariscos

sábado, 13 de junho de 2009

Natal dos hospitais

camas com bolas cadeiras com estrelas

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O piche

é altamente adesivo e repelente à água

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Enviado caramujo

sem selo europa e espanha

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Voto post mortem

se com procuração e ocorrido durante campanha

Final do conto "Provas"

Mas conteve-se e perguntou num tom humilde se podia solicitar a reabilitação.
- Não sabe o que se passa?
O homem apontou para uma quantidade de cartões espalhados e meio escondidos por uma pasta de arquivo num dos extremos da mesa.
- Esses são só o da última semana. A maior parte deles rasga o cartão do Partido ou deita-o para o incinerador. Mas alguns devolvem-no. Coberto de obscenidades. Quer que lhe leia, camarada?
Não era necessário, mas não lhe escapou a ironia daquela forma de tratamento. Apesar de tudo, corou de satisfação.
- Saiba o distinto cavalheiro que para o mês que vem talvez já não haja Partido.
Ah, mas haveria - mais despojado, mais severo, mais bem armado teoricamente. A verdade não conhece circunstâncias. Tullio estava enganado. Se Deus já não acreditava em Deus, era tempo de o homem acreditar no homem. E só o Marxismo podia tornar essa crença eficaz.
Foi interrompido por um dar de ombros do funcionário. Que tirou de uma das pilhas de papel um impresso amarrotado e empurrou na direcção dele, do outro lado da mesa. Um pedido de filiação. Faria com que aquilo chegasse ao Comité Central. Mas havia semanas que este não reunia por falta de quórum. Era preciso pagar ainda uma pequena quantia para cobrir os trâmites.
Ele tinha as notas na mão. O homem contou-as e olhou-o com pouca simpatia.
- O Partido vai examinar o seu caso. Porque é isso que voçê deve ser, ouça o que lhe digo. Um caso.
Este pobre jogo de palavras parecia causar-lhe um gozo silencioso. Meneou a cabeça.
- Há-de receber notícias nossas.
Os olhos poisaram-se depois no formulário que o postulante começara a preencher.
- Mas será possível que você não leia os jornais? Não sabe o que se passa? «Pela presente solicito a minha integração no Partido Comunista.» Isso é uma coisa que já não existe, meu amigo! Já não há PCI. Basta. Finito.
Soletrando cada uma das fúnebres sílabas, passou a cunha da mão pela garganta..
- A velha prostituta está morta e enterrada. Agora o que há é o Partido da Esquerda Democrática.
Articulou com a voz rouca as novas iniciais.
- Também já não há estrela vermelha. Agora é uma árvore verde. Olhe para aqui: uma frondosa árvore verde.
Brandiu o novo logótipo na cara do Professore.
- É a este que quer aderir? Diga lá: é a este?
Era. Tão exactamente que o penitente foi incapaz de encontrar uma resposta, uma palavra para a sua sede. Não mais do que uma rápida aquiescência indicada por um movimento da cabeça, como o de um fantoche, e que passou despercebido.
O homem limpou a garganta com impaciência, escarrou para um lenço cinzento e pediu-lhe com um gesto que escrevesse a sua direcção. Em maiúsculas, por favor.
Receberia uma convocatória do comité de bairro.
- Embora só Deus saiba quando.
Deus parecia, com efeito , estar muito presente na cidade, ultimamente. Que estivesse. A verdadeira batalha com Ele ainda estava para vir.
A porta fechou-se sonoramente.
Só ao chegar ao fundo das escadas, ainda no meio do escuro, notou que não se agarrara ao corrimão. Nem por uma vez. Mas não há necessidade de o fazer quando se está a chegar a casa - é bem verdade.

Provas, George Steiner
LN

terça-feira, 9 de junho de 2009

Novo hino - "A Portuguesa"

AZAR! Mas
AZAR! , Mas
Sobre a terra e sobre o mar

AZAR! , Mas
AZAR! , Mas
Contra os canhões marchar, marchar!

Vi este título de uma crónica sobre futebol, do Gato Fedorento Diogo Quintela, num jornal desportivo, e achei que é mesmo bom!!!

Que tal alterar o nosso hino "A Portuguesa" para esta versão??...
LN

Prevendo na Palma da mão

Para quem leu os meus posts anteriores sobre o conto de George Steiner "Provas", deixo aqui a parte final ....
:)

" Foi só ao vestir-se de novo que ele reparou no amontoado de recortes e panfletos que cobriam a cómoda. Hóroscopos, cartas astrológicas, predições relativas a futuras conjunções astrais e correspondentes vaticínios. Ela olhou para ele com uma expressão de entusiasmo confiante.
Quais eram , exactamente, a hora e o dia do seu nascimento? Ia ler-lhe a palma da mão, pois era essa uma ciência da qual sabia alguma coisa. A profanação da qual tinham sido testemunhas essa manhã e que acabara por reuni-los, Touro e Libra, fora prevista. Fora por isso que lhe falara com tanta naturalidade. Não menos previsível era o regresso do Partido Comunista ao seu estatuto de prestígio e ao poder. Quando Júpiter e o misterioso Nepturno se encontrassem na casa do Leão. Não havia dúvida possível. Uma vez que o Saturno aziago abandonasse o Escorpião...
Pegou numa folha impressa e insistiu em dar-lha. Qual era o signo astral da mãe dele? Qual a sua pedra favorita? - Diz-me , por favor.
Separaram-se como estranhos, e ele apressou-se a caminho da estação. "
Provas, George Steiner

imagem e texto no Blog Gramado Magazine - Liza Rizzon


Você sabia que os planetas estão na palma da sua mão? Não?
Então confere aí em baixo em que dedo ou morrinho da mão está o planeta que rege o seu signo.
A saber, Áries é regido por Marte.
Touro e Libra, por Vênus.
Gêmeos e Virgem, por Mercúrio.
Sagitário, por Júpiter.
Capricórnio, por Saturno.
Câncer, pela Lua.
E Leão, pelo Sol.
Em tempo: Peixes é co-regido por Júpiter;
Escorpião, por Marte;
e Aquário, por Saturno.


Amanhã ponho o fim do conto ... Que é muito giro!!!

Luis Neves

Na tua ausência

o debate cedeu e escorreu água

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Eleições Europeias - Resultados

As previsões dadas pelas sondagens no inicio da campanha eleitoral eram os seguintes:

PS - 38,8%
PSD - 30,5%
BE - 9,8%
CDU - 9,2%
CDS - 6,9%


Sondagem do Expresso de 5 de Maio de 2009
ver em PSD ultrapassa a barreira dos 30%


O que eu gostava que os Portugueses tivessem escolhido:

PS - 22,8%
PSD - 29,5%
BE - 17,8%
CDU - 17,2%
CDS - 8%

como escrevi aqui no Blog Sobretudo no Post O chapeleiro maluco serve chá


Ou PS perdia cerca de 8% dos votos para o Bloco de Esquerda, 8% para a CDU, e o PSD perdia 1% para o CDS
Ou seja o dois partidos de esquerda (Bloco + CDU) puderiam chegar a 35% em conjunto.

Mas os resultados de 7 de Junho foram os seguintes:

Ou seja o que os portugueses escolheram foi sobretudo penalizar o PS

(E MUITO BEM)(Mas Soube a pouco)

E fizeram baixar a votação desse partido em 12% (De 38,8% para os 26,5%),

Mas depois não premiaram com esses votos os dois partidos de esquerda o Bloco e a CDU. Que apenas crescem 1% e 1,5% em relação à Sondagem de Maio (9,8% para 10,7% o Bloco, e de 9,2% para 10,6% a CDU).

Portanto os restantes 9,5% de votantes que se arrependeram de votar PS, uns foram para o PSD 2% , e os restantes 7,5% votaram em Branco, Nulos, ou outros partidos pequenos.

Foi Pena! Só faltou o 2º passo! (votar numa alternativa de esquerda, os cerca de 10% de votantes), para que o conjunto Bloco+CDU , a verdadeira Esquerda Portuguesa, passe a ser uma alternativa de poder.

Pode ser que nas Legisltivas essses eleitores queiram construir uma nova força politica de esquerda em Portugal.

Luis Neves

Rescaldo

só não divisa aquém não quer antever

domingo, 7 de junho de 2009

Eleições

multiplicar ou não multiplicar

sábado, 6 de junho de 2009

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Por conta de

tino para o mar com temperos

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Iniciativa privada

tens peva que fitar por causa disso

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Concupiscência

deleite em mamadeira

terça-feira, 2 de junho de 2009

Que caíam 12 raios em cima da cabeça do Sócrates

Notícia do dia, queda de um avião no atlântico.


No noticiário da TV, hoje à tarde, vieram com esta extraordinária verdade de uma ciência chamada Probabilidade.

Para as pessoas estarem mais seguras e continuarem a andar de avião sem receios, deram a seguinte notícia de um estudo que compara a Probabilidade de uma mesma pessoa ser atingida 12 vezes com um raio durante tempestades e a Probabilidade de uma pessoa entrar num avião e ele cair!!!
Diz este estudo que a probabilidade de uma pessoa entrar num avião e ele vir a cair é mais pequena do que a probabilidade de uma pessoa ser atingida por um raio 12 vezes!!!
Acredite quem quiser! Os cálculos de Probabilidade até devem estar todos muito certinhos.
Mas só acredita neste tipo de conclusões quem for muito crédulo na ciência.
Eu já ouvi muitas notícias de aviões que caiem , e ao contrário deve ser um acontecimento muito raro alguém sobreviver quando é atingido por um raio tantas vezes.

Mas cá fico à espera que caiam 12 raios em cima do primeiro-ministro Sócrates para ver se ele resiste. Então aí passo a acreditar nesta afirmação das Probabilidades.

LN

Deus está nos detalhes

detalhe, s.m. distribuição de serviços militares

não acredita

Foto de Renato Monteiro ; No Blog Fotografares

Uma inscrição a spray na parte de trás do abrigo da paragem de autocarro chamou-lhe a atenção: «Deus não acredita em Deus.»
Uma outra mão mais humilde, servindo-se de um simples giz vermelho, acrescentara a palavra «nosso»: «Deus não acredita no nosso Deus.»

conto "Provas" de George Steiner

LN

segunda-feira, 1 de junho de 2009