"George Steiner é uma espécie de Prometeu, aquele que rouba aos deuses (aos grandes criadores) o fogo sagrado que ilumina o mundo. Mas o seu furto é uma rebeldia ao contrário: é uma dádiva feita a quem é roubado e uma oferta a todos nós. No nosso hoje, amnésico e estéril, e, por isso, sem ontem nem amanhã, há poucos pensadores mais hostis do que ele aos modos do tempo, assumindo-se como a estátua do comendador que vem para estragar a festa e anunciar o fim.
A mais constante meditação deste poliglota inclina-se sobre a relação entre barbárie e cultura, o mal absoluto, a quebra do pacto entre a palavra e o mundo, o fim do sentido do sentido, a tradução como restituição, a morte da tragédia, o cansaço fundamental da nossa cultura, a crepusculização da nossa sensibilidade. E os seus combates são travados, com uma ira nem sempre isenta de ingenuidade, contra a uniformização linguística, a massificação cultural, a vulgaridade desumana, o fim do silêncio, a dessacralização da linguagem. "
José Manuel dos Santos, "Actual", Expresso, 21 Novembro
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LN
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
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