Este texto do Blog Aparelho de Estado do Expresso "Que se Lixem os miúdos" , está muito bem escrito, e não vale a pena eu acrescentar nada , pois é exactamente o que eu acho sobre este assunto.
o texto é de Alexandre Homem Cristo (que desconheço, é o primeiro texto que leio dele).
" Que se lixem os miúdos
Fechar 701 escolas do interior com base no seu número de alunos é prejudicar arbitrariamente milhares de crianças, as suas famílias e o desenvolvimento do país.
Quem não tiver memória curta lembrar-se-á das promessas de José Sócrates quando, nas campanhas para as legislativas de 2005 e 2009, insistia na necessidade de desenvolver o interior do país. Por isso, ordenou a construção de tantas novas estradas, as necessárias e as desnecessárias. Agora, com algumas estradas novas e com o encerramento de 701 escolas do tal interior do país que tínhamos de desenvolver, o abandono do interior será muito mais confortável para as famílias das crianças cujas escolas fecharam. Serviço público deve ser isto.
Dizem-nos que esta medida de encerrar 701 escolas permitirá cortar na despesa pública enquanto melhorará as condições de ensino. Vejamos estes dois pontos.
I. Cortar na despesa é, como nos foi dito repetidamente, uma prioridade do Governo. De tal modo que a despesa pública, que é tão prioritário diminuir que até se fecham escolas, aumentou em 6%. As prioridades são mesmo assim: o que tem de ser tem muita força. E desenganem-se aqueles que, plenos de má-fé, julgam existir aqui uma contradição: a culpa é da crise internacional, como se sabe.
Ora, os milhões que serão poupados - ninguém no Ministério da Educação se dignou a expor os números - valem isto? Valem a queda da qualidade de vida destas famílias, a desertificação do interior do país e o provável prejudicar do desempenho escolar dos alunos? Não valem, nem este Governo tem legitimidade para afirmar o contrário. Mas acontece que a própria questão é ilegítima: a Educação dos nossos jovens que habitam nas zonas mais interiores do país não pode estar dependente do seu custo. Um Governo que não o entende é um Governo que hipoteca o futuro do seu país.
II. Não se percebe - e ninguém no ME explicou - como é que esta medida favorece os alunos. Sobretudo, não se percebe - e ninguém do ME explicou - por que razão estudar em escolas pequenas prejudica os alunos das povoações mais pequenas. Haverá algum estudo? Serão conhecidos os resultados do projecto Escolas Rurais, por exemplo? Não, nada disso. É uma convicção. O que parece ser mais do que o suficiente para se alterar radicalmente a vida de milhares de famílias portuguesas.
Sobressai, mais uma vez, a incontornável característica dominante da política educativa dos Governos de Sócrates: já não se pensa a Educação de acordo com a sua função, i.e. o verdadeiro interesse das crianças, cujo futuro depende de uma formação exigente e de qualidade. Para Sócrates, a Educação é um veículo para a modernidade, seja lá o que isso for. E, no fundo, se a modernidade não for compatível com o país, que se lixem os miúdos. "
AFINAL , sempre quero acrescentar algo a este texto , um pouco mais forte.
"OS miudos que se fo..." ,
prontos não sou capaz de escrever assim palavrões tão feios aqui no Blog,
mas é o único comentário que me veio à cabeça.
LN
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