O protesto de hoje não será violento, garantem os organizadores, poetas, gregos.
Há dias havia neve ao longe, hoje é 21 de Março. As colinas de Atenas estão cheias de giestas e papoilas. Tinha-me esquecido disto, a Primavera.
Estamos numa das avenidas que vai dar à praça Syntagma, onde há 150 anos se concentram os protestos de Atenas.
Um dos primeiros cartazes da manhã diz:
"Escrevemos para existir"
Então foi para isso que vim a Atenas , ver como os poetas fazem a cidade, parando o trânsito diante da policia de choque, unida em forma de carapaça para bloquear o acesso ao parlamento.
"Deixei a minha vida como um deserto para que me possam ver de toda a parte"
"Estamos vivos, Resistimos"
"Quando já não tivermos sangue, então começará o poema"
"É o sonho que não me deixa dormir"
Os nossos slogans são versos e isso significa que defendemos a cultura como fundamental, que esta crise não é apenas económica, social e política, mas cultural, ética - diz o poeta Yiorgus Chouliaras, organizador. Temos de trazer para a frente as forças criativas. A Poesia é uma forma de fazer as coisas e sem a poesia não poderemos atravessar a crise, não saberemos quem somos. Este protesto também muda a forma como as pessoas vêem os gregos. Escrevemos os poemas individualmente, mas não podemos estar nas nossas torres de marfim, não podemos ser autistas, porque a linguagem é colectiva, pertence às pessoas. A poesia pode ser um antídoto para a crise.
A ideia veio quando estavam a discutir o que fazer no dia internacional da Poesia, 21 Março.
- Se não fizermos o nosso futuro, outros o farão por nós. Se não fizermos poesia, outros escreverão o nosso poema.
Alexandra Lucas Coelho
Público , 1 Abril 2012
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