sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Quanto basta; um poema

Quanto basta

Quando às vezes estou quase quase mesmo a
esquecer
quem eras, porque eras, onde estás
e a memória tenta fechar janelas
contra a chuva e contra o vento
apagar com borracha de tinta
o lamento
fazer silêncio da música que toca dentro dela
onde quer que nela vás
chega uma palavra qualquer
uma só e é quanto basta
na lareira da esperança
para limpar a tristeza
crepitar, apagar silêncios
para avivar a lembrança
como se fosse o Natal
de que perdemos o rasto
e regressa ano a ano
com ideia de ir embora
mal a gente se habitue
ao sabor a mel e canela
das prendas que nascem na árvore
mas só durem o tempo de agora
se deitem depressa fora
como fruta que envelhece
longe da seiva dela.

Teresa Martinho Marques

LN

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