quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Teia de aranha

Teia de aranha
Teci durante a noite a teia astuciosa
Dum poema.
Armei o laço ao sol que há-de nascer.
Rede frágil de versos,
É nela que o meu sono se futura
Eterno e natural,
Embalado na própria sepultura.
Vens ou não vens agora, astro real,
Doirar os fios desta baba impura?

Miguel Torga

em Diário, vol IX, Poesia completa

LN

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