40% sem "legitimidade"
À hora a que escrevo, PSD e CDS pareciam ter ganho a subida honra de, em vez do PS, virem a ser eles os feitores do FMI, UE e BCE, espécie de Miguéis de Vasconcelos do plano dos "mercados" para este seu protectorado à beira-mar plantado: recessão, pobreza, desemprego, despedimentos fáceis, destruição do SNS, da escola e da segurança social públicas, desoneração das empresas de qualquer responsabilidade social através de uma gorda redução da TSU que aumentará exponencialmente o número de Ferraris nas estradas das regiões mais deprimidas do país e redistribuição em "apoios" à banca dos recursos sociais afectados aos mais desfavorecidos.
À hora a que escrevo, PSD e CDS pareciam ter ganho a subida honra de, em vez do PS, virem a ser eles os feitores do FMI, UE e BCE, espécie de Miguéis de Vasconcelos do plano dos "mercados" para este seu protectorado à beira-mar plantado: recessão, pobreza, desemprego, despedimentos fáceis, destruição do SNS, da escola e da segurança social públicas, desoneração das empresas de qualquer responsabilidade social através de uma gorda redução da TSU que aumentará exponencialmente o número de Ferraris nas estradas das regiões mais deprimidas do país e redistribuição em "apoios" à banca dos recursos sociais afectados aos mais desfavorecidos.
Ao mesmo tempo, a crer na mensagem de sábado do presidente da República, cerca de 40% de portugueses maiores, vacinados e com direito de voto perderam "autoridade" (e "legitimidade") "para criticar as políticas públicas" do próximo Governo a fim de "honrar os compromissos assumidos" com os tutores internacionais em troca dos 78 mil milhões (10 mil milhões para a banca) que tiveram a bondade de nos emprestar a juros usurários.
Se o nosso sistema eleitoral não fingisse que esses 40% de portugueses não existem, haveria na próxima AR 90 e tal cadeiras vazias. E os partidos teriam um número de deputados adequado ao seu real crédito junto dos eleitores: pouco mais de metade dos que irão ter, o que, em linguagem de "mercados", significaria um "rating" de "lixo".
Manuel António Pina
Jornal Noticias
2011-06-06
1 comentário:
A questão está, na minha modesta opinião, mal colocada. Claro que quem não vota tem o direito de se pronunciar como os que votam e daí encerramos assunto. Mas não votar é directamente dizer que se é contra o sistema que está baseado no voto. Não é uma declaração de "serem todos maus e iguais", para isso há o voto em branco e o nulo. Não é uma declaração de voto nos que no dia da contagem têm menos votos ou ficaram aquém do esperado e projectado. Não votar, racional e objectivamente falando, é ser contra a democracia representativa tal qual ela é apresentada no pedido do voto.
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