domingo, 22 de maio de 2011

Liberais ou NeoLiberais (PS ou PSD)

A Marca de água de Pedro Passos
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Esta urgência de poder no PSD aliou-se à urgência do poder económico e das suas aristocracias, que não disfarçam o quanto apostam numa vitória de Pedro Passos. Os mesmos que durante anos apoiaram Sócrates, mas para quem agora o lider do PS sabe a pouco. Ou melhor, Sócrates não tem condições de ir mais longe do que já foi na liberalização da ecónomia portuguesa e na desconstrução do Estado-providência , enquanto primeiro-ministro , assumindo assim que o seu limite é o documento que negociou com a troika.
Pelo contrário Pedro Passos não esconde que quer ir muito mais longe na ruptura neoliberal da sociedade portuguesa com o modelo construido pela democratização pós-25 de Abril
. Uma vontade de ruptura que assusta mesmo muitas das cabeças coroadas do cavaquismo. Isto porque, embora tenham sido os governo de Cavaco Silva os primeiros a abrir a porta ao neoliberalismo em Portugal - basta lembrar a revisão da Lei de Bases da Saúde e a abertura das televisões ao sector privado - o que é um facto é que, até pela sua idade, essas elites cavaquistas integram uma direita politica para quem o papel do Estado é central.
Elas vêm , aliás , no esteio do pensamento e da acção de Salazar, que é em Portugal o construtor do Estado central contemporâneo , enquanto detentor dos chamados sectores estratégicos da ecónomia, considerados garantes de soberania. Uma política que Salazar concretizou ao longo de anos, conseguindo reunir no Estado a propriedade da àgua , da luz, do gás , de alguns transportes.


Pedro Passos Coelho protagoniza uma ruptura histórica na direita portuguesa , ao apresentar-se aos eleitores com um projecto neoliberal puro e assumidamente pós-democrático. E deixando para trás o PSD histórico que se revê no Estado , ainda que temperado por uma partilha com os privados. E uma vez primeiro-ministro , se de facto vier a ganhar as eleições , será dentro do PSD que Pedro Passos irá encontrar resistências e criticas que agora, pela fome do poder e pela expectativa da sua partilha, se calam. "


São José Almeida
Jornalista

Público , 21 Maio 2011

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