domingo, 11 de janeiro de 2009

Godolândia ou Godorael

Como tive um comentário a um Post de 6ª feira,
E como são tão importantes os leitores e comentadores deste blog como quem escreve aqui, é com muito prazer que hoje publico esse texto. Aqui gostamos de Parábolas e de todas as figuras de estilo que nos quiserem mandar para aqui.

“Palestina A saga de um povo” de Tariq Al-Khudayri, pag17 a 19
da apresentação de Adalberto Alves

Por isso, para o leitor português mais facilmente ajuizar com clareza a essência do drama palestiniano, proponho-me esboçar uma pequena parábola:

Como é sabido, na Península Ibérica, antes da chegada dos Árabes, em inícios do século VIII, reinava um povo godo, de origem germânica, os Visigodos. O território do que é hoje Portugal fez, também, durante cerca de três séculos, parte desse Império Visigótico. Os Godos consideravam a Hispânia como a sua pátria indisputada, situação que se manteve até virem a ser obliterados pelo domínio muçulmano.
Suponha-se agora que, num país qualquer do centro da Europa, tinha subsistido, até hoje, uma minoria identificável como goda e que, objecto de discriminação e repressão nesse tal país, tinha, em parte, optado pela diáspora.
Como os Godos ansiavam pela criação de um lar comum, constituíram um lobby de pressão em todo o mundo, no sentido de a O.N.U. decidir arranjar-lhes um território para a constituição de um Estado Godo.Discutido o assunto e olhando a relevância, no passado, do Império Visigótico na Península Ibérica, a O.N.U. decidiu que seria nela o local correcto para a instalação da Godolândia.
A Espanha opôs-se tenazmente desde logo e, como Portugal era a parte mais fraca em questão e tinha escassa população, foi-lhe imposta a abdicação de uma parte do seu território para a instalação da Godolândia: 50% do mesmo, ou seja, todo o território a norte do Tejo. O sul ficaria para Portugal, sendo Lisboa Oriental goda e Lisboa Ocidental portuguesa.Com o apoio de diversos países e num curto prazo, começou imediatamente o êxodo de godos em direcção ao território que lhes fora atribuído, apesar dos protestos e da oposição generalizada dos Portugueses.
Os invasores, mediante a força e a intimidação, não tardaram em ocupar cidades e campos, colonizando mediante expulsão as melhores zonas: Porto, Braga, Coimbra, Leiria, Santarém e outras foram, assim, parar às suas mãos. E à menor resistência à ocupação, as casas dos portugueses eram arrasadas para a instalação dos colonatos. Deste modo, a soberania de metade do território português passou para a mão dos Godos que impuseram, aos portugueses do norte, uma nova bandeira e uma nova língua. Em suma, haviam perdido a sua pátria.
A brutalidade da repressão goda causou numerosas mortes e, em breve, mais de dois milhões de portugueses foram deslocados das suas terras e muitos deles forjados a fugir para Espanha, Marrocos e outros países onde passaram a vegetar em miseráveis campos de refugiados.
Portugal, virtualmente, viria a desaparecer do mapa, já que o sul do território, encabeçando a resistência contra a usurpação goda, rapidamente foi invadido pelos novos senhores, que apenas deixaram nas mãos dos Portugueses a parte leste do Alentejo e uma faixa de terreno junto ao mar, que passou a chamar-se a Faixa de Palmela.
Por outro lado, os portugueses que ficaram a viver ou a trabalhar na Godolândia não passavam de cidadãos de 2a categoria, ou de mão-de-obra barata para os Godos.
Os Portugueses, quase abandonados pela comunidade internacional, haviam sido forjados a reconhecer o novo Estado, passando a bater-se, ao menos, pelo reconhecimento da sua soberania total no território alentejano oriental e na Faixa de Palmela. Porém, a Godolândia nem isso aceitava, argumentando que tal iria ameaçar a sua segurança.
A O.N.U., através da Assembleia-geral, emitia resoluções atrás de resoluções, condenando o expansionismo godo, mas nenhuma acção era levada a cabo pelo Conselho de Segurança, uma vez que os E.U.A., tendo apoiado e armado a Godolândia até aos dentes, vetavam todas as tomadas de decisão favoráveis a Portugal.

E foi assim que os Portugueses, despojados das suas terras, casas e pátria, se viram condenados ao desespero num exíguo território, onde viviam em condições infra-humanas e de onde toda a esperança parecia ter fugido. No exílio, os que haviam partido sonhavam com um longínquo regresso e, como símbolo desse sonho, guardavam a chave da casa que há muito haviam deixado para trás: quem sabe, um dia voltariam ao lar.:.
Os Portugueses iniciavam uma longa e dolorosa luta pela sua dignidade, apesar da desproporção de meios perante o poderoso inimigo. Tinham quase só, como armas, a revolta e a dádiva da própria vida, pois, tendo perdido tudo, já nada tinham a perder.Passaram a ser chamados de terroristas.

Acabou-se a parábola!

(enviado por anonimo) , LN

1 comentário:

Anónimo disse...

E vale a pena ler o livro todo.