Como devem saber, o ano lectivo passado 2007/08 já foi feita uma avaliação de professores simplificada, para cerca de 10% de Professores "a Contrato" (Professores sem vínculo efectivo ao ministério da Educação). Esta avaliação foi feita pois era obrigatório para o concurso e para terem um novo contrato este ano.
Este ano no Caramulo, foi-me contado por uma Professora, que é avaliadora em simultâneo, a seguinte história de uma sua colega. A "avaliação de desempenho" naquela região do país feita aos Professores "A Contrato", atribuiu no geral, a classificação de "Bom". Foi uma regra aceite na generalidade das escolas.
Este ano lectivo a professora contratada manteve-se na escola, e chegaram duas novas professoras "contratadas" à escola que vinham da região de Trás-os-Montes. Essas Professoras vinham com uma classificação na "avaliação de desempenho" de "Excelente". A Professora procurou saber junto das novas colegas as suas actividades e que ferramentas e metodologias tinham utilizado, quis saber os resultados dos alunos, no fundo queria saber o que fizeram para obter a nota "Excelente". Depois de ter conversado com as suas colegas, e de ter observado as primeiras semanas de aulas das novas colegas, a sua conclusão foi pedir na Escola que fizessem uma reavaliação da sua "avaliação de desempenho". Ela também se acha merecedora de "Excelente". E vai fazer um recurso à sua avaliação. E com todo o direito.
A Professora que me contou isto é professora efectiva e faz avaliação de colegas da sua área disciplinar. Não sei se foi a "Avaliadora" desta professora, mas penso que não. O que a professora me disse é que essa colega era uma excelente professora e merecia sem qualquer dúvida a classificação "Excelente". Mas disse-me também que mesmo num recurso que a sua colega apresentou, ela não vai conseguir a classificação de "Excelente" porque teve uma falta injustificada. Essa professora um dia de manhã quando ía a subir a serra de carro para a escola, como a estrada tinha gelo, teve um acidente automóvel, e não conseguiu ir dar aulas.
Esta é uma das chaves para se conseguir atingir a "cota" de "Excelente", é isto simplesmente que faz a tal "Distinção" entre Professores!! o Professor não pode dar uma falta!
Devem existir centenas de casos destes nas escolas de todo o país.
Certamente devem estar a decorrer centenas de recursos das classificações atribuidas aos "professores Contratados", que se consideram injustamente avaliados. Injustiças em relação ao ano lectivo anterior, de um processo de avaliação simplificado!
Devem existir centenas de professores avaliadores a analisar recursos dos resultados de avaliação de professores, que foram avaliados em escolas e circunstancias completamente diferentes umas das outras.
É este um Processo com algum Mérito?
É este tipo de conflitos que se pretende levar para dentro das Escolas?
É neste tipo de discussões que se pretende que os orgãos directivos das Escolas se envolvam?
É com este tipo de avaliação que vão distinguir os melhores Professores?
Quem inventou este tipo de procedimentos, não percebe o absurdo que está a impôr aos Professores?
Luis Neves
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8 comentários:
Fim a todas as avaliações. Não me venhas dizer que o hambúrguer não presta, depende das circunstâncias.
Eu cá não gosto de hamburgueres. Não como há anos. Deixei de comer McDonalds e Coca-Cola quando o EUA resolveram atacar o Iraque e o Afeganistão, e essas empresas eram algumas que financiaram a guerra e o Bush. Entre muitas outras empresas. E não me faz falta nenhuma. Se podesse deixava de consumir muitas coisas por boicote por exemplo a Israel.
Por mim individualmente faz sentido.
Assim Não me sinto a contribuir para esse tipo de sistemas.
Mas cada um tem o direito de gostar ou não do que quer, independentemente da sua sensibilidade sobre os problemas do mundo.
Sistemas de Avaliação podem ser positivos, mas não são parte integrante do trabalho e das responsabilidades dos Avaliados.
Nenhum tipo de avaliação que se possa efectuar a um trabalhador ou professor , por si só, que identifique as falhas , os erros , as más práticas, vão melhorar o trabalho efectuado. só se for para levar o trabalhador a procurar mais formação, mais competências.
Se for só um exercicio contabilistico para diferenciar os trabalhadores, hierarquizar e limitar a progressão na carreira, isso não leva a nenhuma melhoria do ensino e das escolas enquanto espaços formativos e educativos. Acreditar na teoria de que gerar competitividade entre colegas pode melhorar uma escola é um mito abstrato.
Caro Luis, o nome da figura de estilo é metáfora.
Os mitos são todos abstractos.
eu percebi que era uma Metáfora.
Agora vou explicar-lhe a minha opinião sobre a 'Avaliação' baseada na experiência familiar.
A minha mãe foi Professora durante trinta anos. Nunca foi avaliada, e não ia ser melhor Professora se tivesse sido avaliada. sempre teve uma atitude de empenho e dedicação ao ensino e boa relação com os alunos. A minha mãe participou 2 vezes na gestão de uma escola e fê-lo por consciência cívica de participar no bem público.
Podia nem ser uma Professora bem classificada no modelo actual de avaliação, mas isso é muito insignificante quando comparado com um encontro que teve casualmente o ano passado, com uma aluna que teve de 1977, que a reconheceu e lhe veio contar que hoje é Professora no Técnico na área de Geologia , que é o curso da minha mãe, e era uma matéria que se dava nessa altura no Liceu em Ciências. O que realmente importa no ensino é dar o exemplo, é inspirar os alunos a acreditar no estudo, e a aprenderem a importância do conhecimento.
Tenho mais duas tias e uma prima que também são ex-professoras, trabalharam mais de 32 anos na escola pública, e pelo que conheço delas nunca precisaram de nenhum tipo de avaliação para serem grandes profissionais, fizeram ao longo da carreira várias acções de formação para se actualizar.
Eu acho que esta Avaliação , pode ser necessária do ponto de vista económico para o país, mas é muito pouco importante para a escola e para o ensino. E acho que (a avaliação) só vai degradar a forma de trabalhar nas escolas.
isto promete
Não, meu caro, não é presságio de nada. É, isso sim, a razão dos problemas da existência. Como é evidente, também a mãe do Sócrates acha que ele é o melhor primeiro-ministro desde a existência do cargo e não conheço nenhum familiar que seja desancado em termos do seu exercício. É seguramente por isso que quem pode torna os ofícios distintos dinásticos.
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