UM SINAL de ALARME , Mário Soares , 17 Março 2009
Foi realmente uma megamanifestação a que a CGTP/IN levou a efeito, em Lisboa, no passado dia 13. É sabido que os manifestantes vieram de todo o País, em camionetas, especialmente fretadas, e que num dia ameno de sol não é desagradável uma visita à capital. Tanto mais que se tratava de gritar a indignação que sentem contra o desemprego, que sofrem na carne, a pobreza, a incerteza quanto ao futuro, dos próprios e dos filhos e netos, e das ostensivas - e não resolvidas - desigualdades sociais, que em vez de serem corrigidas se agravam.
Claro que vivemos uma crise global, que está a afectar o mundo inteiro e que é injusto - embora fácil - apontar o dedo ao Governo Sócrates, como o responsável único das dificuldades que cada vez mais os portugueses sentem.
Claro que vivemos uma crise global, que está a afectar o mundo inteiro e que é injusto - embora fácil - apontar o dedo ao Governo Sócrates, como o responsável único das dificuldades que cada vez mais os portugueses sentem.
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A situação de crise que estamos colectivamente a viver é, obviamente, a mais difícil de todas as por que passámos, desde a Revolução dos Cravos. E tivemos bastantes. Aliás - atenção -, não terá solução fora do quadro comunitário.
Isso aconselharia o Governo, penso, a ouvir com atenção e a ponderar a indignação das pessoas, que vai crescer, não tenhamos ilusões, e a debater o fenómeno, as suas causas e consequências, com os responsáveis dos partidos, em ambiente discreto e calmo, distante dos prélios parlamentares e televisivos habituais, que ocorrem regularmente e, em especial, com as direcções sindicais, que têm um conhecimento mais directo do que se passa no terreno e do que sentem as pessoas mais afectadas pela crise.
Não basta fazer uma viragem à esquerda no discurso político - que é, obviamente, importante e mesmo decisiva - para enfrentar a crise e a vencer.
Não basta fazer uma viragem à esquerda no discurso político - que é, obviamente, importante e mesmo decisiva - para enfrentar a crise e a vencer.
É preciso que o conhecimento da crise, nas suas causas e consequências, chegue às pessoas, aos trabalhadores desempregados, aos que estão desesperados com a falta de perspectivas e com os horizontes completamente fechados que se lhes apresentam e às suas famílias. Ouvi-los, repito, dar-lhes esperanças fundamentadas e mostrar-lhes como se lhes pode valer, a prazo.
Se isso não ocorrer: mais diálogo, mais concertação social, mais ajudas concretas para tantos casos humanos dramáticos, tudo o resto que se diga ou faça - neste momento tão difícil - é completamente supérfluo e dispensável. Pondere-se nisto.
Por outro lado, ninguém parece ter sido responsável pela crise, embora se saiba que há quem está ainda agora a ganhar, especulativamente, com ela. Esse é outro ponto que as pessoas sentem, sobretudo as mais afectadas e que sabem serem-lhes devidas explicações, por quem de direito.
Se isso não ocorrer: mais diálogo, mais concertação social, mais ajudas concretas para tantos casos humanos dramáticos, tudo o resto que se diga ou faça - neste momento tão difícil - é completamente supérfluo e dispensável. Pondere-se nisto.
Por outro lado, ninguém parece ter sido responsável pela crise, embora se saiba que há quem está ainda agora a ganhar, especulativamente, com ela. Esse é outro ponto que as pessoas sentem, sobretudo as mais afectadas e que sabem serem-lhes devidas explicações, por quem de direito.
A impunidade que parece cobrir os responsáveis e o sentimento de que as roubalheiras e a corrupção são vistas como uma fatalidade, sem remédio - que a justiça não actua, mas tudo se sabe ou julga saber por "fugas" sistemáticas que chegam aos meios de comunicação social e são difundidas sem explicação e, às vezes, por forma contraditória -, é um veneno que azeda as pessoas e as torna maldizentes, cínicas, desencantadas.
Não é nada bom para o futuro da sociedade portuguesa.
Ora é ao Governo que compete definir o novo rumo e dar garantias para que não fique tudo na mesma...
Uma megamanifestação não resolve nada. É certo. Mas alerta os responsáveis para o que tem de ser imperativamente resolvido.
Uma megamanifestação não resolve nada. É certo. Mas alerta os responsáveis para o que tem de ser imperativamente resolvido.
Não o esqueçamos!
Mário Soares foi o fundador do Partido Socialista. Foi eleito duas vezes Presidente da Republica portuguesa. Depois disso foi eleito cabeça de lista às eleições europeias pelo PS. Há 3 anos foi candidato apoiado pelo PS à Presidencia da Répulica, tendo sido derrotado pelo actual PR Cavaco Silva.
Há uma semana atrás escreveu este texto no Diário de Noticias...
Um artigo sobre o estado em que o seu partido o PS deixou o País ao fim de uma legislatura de 4 anos em que o PS governou com maioria absoluta...
Este senhor ainda vem depois apoiar o sr. Sócrates nas eleições??? ainda vai votar e apelar ao voto neste partido socialista??? Mas então para que escreve este tipo de textos???
foto do Blog http://portugaldospequeninos.blogspot.com/2007/06/afirma-soares.html
LN
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