É muito bom. Recomendo a todos os que possam ir.
Hoje na Culturgest podem ver a segunda apresentação em Lisboa, ás 16:00 horas.
No fim do espetáculo o coreografo e dançarinas participaram numa sessão de debate com o público. Neste debate o coreografo deixou a ideia de que Pessoa, na relação com as mulheres, era um pouco reacionário.
Depois também um amigo, Luis disse-me que o Pessoa era Reacionário.
Como não tenho essa opinião, e conheço um livro que foi recentemente publicado, intitulado "Fernando Pessoa; contra Salazar" , deixo aqui alguns Poemas do Livro.
Retirado do Blog ANOVIS ANOPHELIS , de Francisco Trindade
ANOVIS ANOPHELIS: Contra Salazar ( todos os textos anti-salazaristas de Fernando Pessoa reunidos num s�livro, editado pela Angelus Novus)
Coitadinho
Do tiraninho!
Não bebe vinho,
Nem sequer sozinho...
Bebe a verdade
E a liberdade,
E com tal agrado
Que já começam
A escassear no mercado.
Coitadinho
Do tiraninho!
O meu vizinho
Está na Guiné,
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé,
E ninguém sabe porquê.
ANTÓNIO DE OLIVEIRA SALAZAR.
António de Oliveira Salazar.
Três nomes em sequência regular…
António é António.
Oliveira é uma árvore.
Salazar é só apelido.
Até aí está bem.
O que não faz sentido
É o sentido que tudo isto tem.
29 - 3 - 1935 In Poesia 1931-1935 e não datada , Assírio & Alvim
ESTE SENHOR SALAZAR
Este senhor Salazar
É feito de sal e azar.
Se um dia chove,
A água dissolve
O sal,
E sob o céu
Fica só o azar,
é natural.
Oh, c’os diabos!
Parece que já choveu…
UM SONHADOR NOSTÁLGICO DO
ABATIMENTO E DA DECADÊNCIA
29 - 3 - 1935 In Poesia 1931-1935 e não datada , Assírio & Alvim
SALAZAR É MEALHEIRO.
Salazar é mealheiro.
Raparigas vinde vê-lo.
Por fora burro vidrado,
Por dentro coiro e cabelo.
1935 In Poesia 1931-1935 e não datada , Assírio & Alvim
VAI P'RA O SEMINÁRIO
Vai p’ra o seminárioVai
O vento é contrário
Vai des-can-sar.
Já fizeste contas
Até que as tresleste.
Vê lá se me encontras
Do lado de leste.
1935 In Poesia 1931-1935 e não datada , Assírio & Alvim
FADO DA CENSURA
Neste campo da Política
Onde a Guarda nos mantém,
Falo, responde a Censura;
Olho, mas não vejo bem.
Há um campo lamacento
Onde se dá o bom gado;
Mas, no ar mais elevado,
Na altura do pensamento,
Paira um certo pó cinzento,
Um pó que se chama Crítica.
A Ideia fica raquítica
Só de sempre o respirar.
Por isso é tão mau o ar
Neste campo da Política.
Às vezes, nesta planura,
Se o vento sopra de Norte,
O pó torna-se mais forte,
E chama-se então Censura.
É um pó de mais grossura,
Sente-se já muito bem,
E a Ideia, batida, tem
Uma impressão de pancada,
Como a que dão numa esquadra
Onde o guarda nos mantém.
O pó parece que chove,
Paira em todos os sentidos,
Enche bocas e ouvidos,
Já ninguém fala nem ouve.
Se a minha boca se move,
Logo à primeira abertura
A enche esta areia escura.
Só trago e me oiço tragar.
É uma conversa a calar.
Falo, responde a Censura.
Vem então qualquer vizinho,
Dos que podem abrir boca;
No braço, irado, me toca,
E diz, «Não vê o caminho?
O seu dever comezinho
De patriota aí tem.
Vê o caminho e não vem?!»
Para isso, bolas aos molhos!
Se este pó me entrou prós olhos,
Olho, mas não vejo bem.
In Poesia 1931-1935 e não datada , Assírio & Alvim
Poemas do site da Casa Fernando Pessoa, Banco de Poesia
http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/index.php?id=2241
DESTAQUE Casa Feernando Pessoa
CONGRESSO INTERNACIONAL FERNANDO PESSOA
Encerrando as Comemorações dos 120 anos do autor do «Livro do Desassossego», a Casa Fernando Pessoa realiza, no Auditório do Turismo de Lisboa, de 25 a 28 de Novembro, o Congresso Internacional Fernando Pessoa. A si...ver mais
[28 de Novembro
2ª Sessão – Tarde
14.30 – Apresentação pública da revista «Portuguese Studies»
14.45 – Mesa: Ressonâncias de Pessoa
Perfecto Cuadrado «Fernando Pessoa, o heterónimo infinito»
Richard Zenith «António Vieira, imperador do Portugal pessoano»
José Barreto «Pessoa e Salazar»
Gastão Cruz «Fernando Pessoa: o que mudou na poesia portuguesa»]
LN
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