quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Poesia de José Fanha

Este poema é para a primeira pessoa que aqui chegou e deixou um comentário. A Maria, que tem um Blog Muito BOM!!! O Cheiro da Ilha A visitar sempre!

Romance ingénuo de duas linhas paralelas



Duas linhas paralelas
Muito paralelamente
Iam passando entre estrelas
Fazendo o que estava escrito:
Caminhando eternamente de infinito a infinito
Seguiam-se passo a passo
Exactas e sempre a par
Pois só num ponto do espaço
Que ninguém sabe onde é
Se podiam encontrar
Falar e tomar café.
Mas farta de andar sozinha
Uma delas certo dia
Voltou-se para a outra linha
Sorriu-lhe e disse-lhe assim:
"Deixa lá a geometria
E anda aqui para o pé de mim...!
Diz a outra: "Nem pensar!
Mas que falta de respeito!
Se quisermos lá chegar
Temos de ir devagarinho
Andando sempre a direito
Cada qual no seu caminho!"
Não se dando por achada
Fica na sua a primeira
E sorrindo amalandrada
Pela calada, sem um grito
Deita a mãozinha matreira
Puxa para si o infinito.
E com ele ali à frente
As duas a murmurar
Olharam-se docemente
E sem fazerem perguntas
Puseram-se a namorar
Seguiram as duas juntas.
Assim nestas poucas linhas
Fica uma estória banal
Com linhas e entrelinhas
E uma moral convergente:
O infinito afinal
Fica aqui ao pé da gente.

José Fanha

Blog do José Fanha - http://queridasbibliotecas.blogspot.com/



Retirei do Blog WebClub (Fantástico este Blog)

2 comentários:

Maria disse...

Obrigada por me dedicares este poema...
Sabes que adoro José Fanha? Sabias ou foi por acaso?
Às tantas "tiraste-me a fotografia"...
:-)

Um abraço

Teresa Martinho Marques disse...

Roubo e levo comigo amanhã debaixo do braço... Obrigada pela partilha!