Entrevista do Ministro dos Negócios Estrangeiros , Luis Amado, ao D.N.
Durante a presidência portuguesa, realizou-se a cimeira União Europeia-África, de cujas decisões pouco se avançou. O Congo está com graves problemas e a Europa não pode fazer muito para ajudar África.
Sem dúvida que há problemas e continuarão a existir no relacionamento entre a UE e África, mas o que nós pudemos fazer em Lisboa não é percebido hoje totalmente pela generalidade dos observadores. Foi uma mudança importante no paradigma da relação entre a UE e a União Africana no seu conjunto, mas vai demorar pelo menos cinco anos a consolidar um novo paradigma que substitui o modelo de relacionamento que persiste, que é muito dominado pelas relações coloniais dos países europeus com as respectivas ex-colónias e tem uma abordagem do relacionamento com os países africanos do Mediterrâneo diferente da que existe com os países da África subsariana. É o quadro do que foi aprovado em Lisboa que vai determinar as mudanças.
O que é que a União Europeia pode fazer pelo Congo?
Neste momento não acredito que possa fazer muito, porque esse processo arrasta-se há praticamente uma década e há um formato de intervenção internacional com 17 mil homens das Nações Unidas no terreno. Nessa perspectiva é mais difícil articular qualquer acção de forças da UE. O legado da cimeira entre a UE e África deve ser visto nos seus efeitos e consequências no horizonte de médio a longo prazo, e não em torno apenas dessas dificuldades que subsistem e que são objecto de mais reparo por parte da opinião pública.
Explicou porque é que Portugal reconheceu o Kosovo - tal como o primeiro-ministro e Presidente da República -, mas não se entendeu a urgência nem a necessidade daquele reconhecimento, a não ser por andarmos a reboque do interesse da Europa na matéria?
Nós andamos a reboque dos interesses da Europa, porque nós somos parte da Europa e parte da Aliança Atlântica.
LN
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário