quinta-feira, 2 de abril de 2009

HOJE TEATRO na Malaposta e Poesia

TEATRO
QUE MISTÉRIOS TEM CLARICE
De Rita Elmôr
Brasil
2 DE ABRIL , QUINTA-FEIRA , 21H30
AUDITÓRIO
A atriz Rita Elmôr foi indicada ao premio Shell de melhor atriz por sua interpretação de Clarice Lispector no espetáculo Que Mistérios tem Clarice. Como um recital, o espetáculo reúne fragmentos de contos, entrevistas, cartas, reflexões e crônicas de Clarice Lispector. O espetáculo busca as vivências mais cotidianas da escritora que tinha uma extraordinária capacidade de abordar o universo feminino a partir de suas próprias experiências. Rita Elmôr ressalta que o
espetáculo destaca os textos em que Clarice falava sobre si mesma, sua relação com a família e com o ato de escrever. Confissões explícitas em seus relatos escritos entre 1968 e 1973.
A encenação de Luiz Arthur Nunes, foi centrada no texto e privilegiou a palavra. A montagem se propõe a levar o espectador numa viagem imaginária para dentro da casa da escritora, conversando com ela, compartilhando momentos íntimos e desfrutando de sua inteligência,
delicadeza e ironia, num clima de mistério e fantasia.
Que mistérios tem Clarice é um monólogo com textos de Clarice Lispector que privilegiam o humor e a intimidade da escritora. Quando decidimos quais seriam os textos do espetáculo, percebemos que no humor de Clarice havia um tema recorrente: o espanto com a fragilidade humana. O público ri da empregada que enlouquece, mas pouco tempo depois percebe que
ela não está muito distante de nós, ou pelo menos não o quanto gostaríamos que estivesse. Os personagens de Clarice são conduzidos ao nosso encontro e nos vemos ao avesso no misterioso espelho Clariceano. A epifania acontece no final da peça, quando entram os textos sobre a morte. Clarice fala do desejo de encarnar num corpo jovem para ter a experiência de ler seus próprios livros como uma leitora comum e interessada sem saber que foi ela própria que os escreveu.

TEATRO POESIA
ELA UMA VEZ
Poesia em Cena
Próxima Estação - Associação Cultural - Portugal
2 DE ABRIL , QUINTA-FEIRA , 22H00
CAFÉ-TEATRO

Ela uma vez… são histórias, as nossas histórias, invenções, decepções.
Elas gritam, despem-se, deixam-se amar. Inventam histórias com arroz doce e sonham com luas com asma. Mascaram-se de femme fatal, reinventam-se em Dudu das Águas, vestem vestidos vermelhos e vagueiam perdidas sem rumo.
Fazem juras, rezas, poemas de amor. Revoltam-se, resignam-se e lutam por existir. Olham-se ao espelho, aceitam-se, caem e morrem muitas vezes durante a vida, esperam noivos que nunca chegam e escrevem manifestos. Acreditam em anjos, em amores utópicos, desígnios, mergulham no mar das suas próprias lágrimas, tecem ladainhas, murmúrios, canções.
Despromovem exigências, pedem pouco, "amores feinhos", a fome…
Elas são as palavras que contam, as histórias que vivem. Para mim Elas têm muitas caras, muitos nomes, chamam-se marias, adélias, adílias, elisas, joanas, martas, anas, paulas, irenes, teresas, clarisses, cristinas, marinas, natálias…
Porquê falar sobre mulheres? Porquê a poesia? Porquê partir das suas palavras para criar um imaginário teatral? Clarissa Pinkola Estés em "Mulheres que correm com os lobos" diz que as histórias são um bálsamo, que são elas que conferem "movimento à nossa vida interior".
Desde cedo senti que as palavras dos outros funcionavam como explicação, como legendas à minha própria vida, tantas vezes completamente indecifráveis para mim. Cresci com palavras, aprendi a combiná-las e a aceitar pacífica e deslumbradamente o efeito que elas tinham sobre mim.
É esta a dívida de gratidão que tenho para com esses escritores, e em especial para com estas poetisas que tão gentilmente acolheram o nosso projecto e nos ofereceram as suas palavras para que viajássemos nelas…

HOJE A Não Perder... (www.malaposta.pt)
LN